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E-mails mostram ordem para subnotificar COVID-19 em 37 postos de saúde de SP

E-mails mostram ordem para subnotificar COVID-19 em 37 postos de saúde de SP

E-mails mostram ordem para subnotificar COVID-19 em 37 postos de saúde de SP

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E-mails mostram ordem para subnotificar COVID-19 em 37 postos de saúde de SP

 

Pelo menos 37 postos de saúde da cidade de São Paulo não estão notificando o Ministério da Saúde sobre novos casos do novo coronavírus na população em geral. A CNN teve acesso a e-mails internos da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e de uma organização social de saúde, chamada Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (Cejam), que é responsável pela gestão dessas unidades públicas de saúde. O documento determina que apenas casos de profissionais da saúde com queixa respiratória sejam comunicados oficialmente ao governo federal.

O Cejam conta com mais de 80 serviços e programas de saúde nos municípios de São Paulo, Mogi das Cruzes, Rio de Janeiro, Embu das Artes e Campinas. Na capital paulista, gerenciam os serviços de saúde do bairro Jardim Ângela e Capão Redondo, na zona sul, totalizando 30 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 164 equipes, atendendo cerca de 614 mil habitantes nas duas regiões. O Cejam também conta com sete serviços de Assistência Médica Ambulatorial (AMA).

No dia 25 de março de 2020, São Paulo registrava um total de 862 casos de pessoas com COVID-19. Naquele mesmo dia, às 09h52, o setor de Vigilância em Saúde do Cejam informou via e-mail: “Não iremos mais notificar a população em geral, somente profissionais da saúde com queixa respiratória (síndrome gripal), este deverá ser notificado no site do Ministério e coletar o swab, não abrir SINAN”.

O swab é o cotonete usado para coletar material que passará por exames. O Sinan é o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, uma plataforma do Ministério da Saúde que é alimentada, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória.

Mais adiante, o e-mail diz que “os casos graves serão notificados em hospitais de referência da região (UVIS M Boi: HMCL, HMMBM e UPA CL e UVIS Campo Limpo: Hospital Serra Mayor)”.

As siglas do e-mail mencionam, respectivamente, a Unidade de Vigilância em Saúde do M'Boi Mirim; Hospital Municipal do Campo Limpo; Hospital Municipal do M'Boi Mirim; UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Campo Limpo; e Unidade de Vigilância em Saúde do Campo Limpo; além do hospital Serra Mayor, no Capão Redondo. 

Para o infectologista Jean Gorinchteyn, essa orientação do Cejam aos postos de saúde que ela administra aumenta a possibilidade de casos subnotificados do COVID-19.

"O Ministério da Saúde está realmente otimizando, assim como Secretarias de Estado da Saúde, o maior número de testes possíveis que vão ser realizados na população que apresente menos sintomas, portanto não obrigatoriamente necessitando internação. Por enquanto, casos que estão sendo revelados pelas estatísticas revelam tão somente os casos que foram internados, assim como aqueles que evoluíram a óbito. Os demais casos, que devem ser milhares, ainda não foram identificados."

Gorinchteyn lembra que a chegada das primeiras 500 mil unidades de testes rápidos para diagnosticar o Covid-19 irão ajudar o gerenciamento de medidas de proteção para a população.

“À medida que esses testes novos chegarem, eles vão ajudar a avaliar a prevalência da doença em vários municípios onde já exista aparentemente uma grande circulação do vírus e haja uma possibilidade de se aferir o valor real ou muito próximo disso de quantos podem estar infectados”, explica o infectologista. 

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