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O presidente da França, Emmanuel Macron, recebeu Raoni no Palácio do Eliseu, em maio, quando se comprometeu a apoiar suas bandeiras

O presidente da França, Emmanuel Macron, recebeu Raoni no Palácio do Eliseu, em maio, quando se comprometeu a apoiar suas bandeiras

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O presidente da França, Emmanuel Macron, recebeu Raoni no Palácio do Eliseu, em maio, quando se comprometeu a apoiar suas bandeiras

Raoni diz que muitas pessoas falaram com ele sobre o tema. "Vão me dar o prêmio pelo meu trabalho, por ajudar as pessoas", diz.

Impulsionado por quem mantém contato com ele e o acompanha em viagens, como Lotar e outros acadêmicos, o cacique entrou em uma espécie de campanha.

A estratégia para ser agraciado com um Nobel passa por uma turnê mundial, que neste ano começou em Oxford, com um evento organizado com o objetivo primordial de chancelar a candidatura do indígena ao prêmio, no dia 30 de janeiro.

"Mais de 600 lideranças estiveram juntas ali (no encontro promovido por Raoni recentemente no Mato Grosso) respaldando o cacique. Nossa intenção ao trazê-lo a Oxford era que ele também fosse respaldado pela academia", diz Colón, da Universidade Estadual da Flórida.

"Damos uma mensagem para o mundo, de que esse chefe brasileiro tem um respaldo não só de 45 etnias e 600 lideranças, mas também é respaldado pela academia, que dá a ele a legitimidade de ser o nosso Nobel da Paz."

"Meu tio não está pedindo. Ele não está falando: 'Dá para mim'. Ele não sabe o que é prêmio Nobel da Paz. Estão falando que vão fazer tudo para ele ganhar esse prêmio como reconhecimento do trabalho, da luta dele", diz Megaron, sempre ao lado de Raoni.

"Se ele ganhar, será muito bom para nós indígenas. O mundo inteiro vai ver e ter mais respeito com a terra indígena. Eu acho que é isso que nós queremos."

A tática para o Nobel também conta com menos falas combativas sobre Bolsonaro e mais falas sobre paz, além de um possível encontro com a jovem ativista sueca Greta Thunberg.

Segundo Lotar, também faz parte da estratégia a entrega do manifesto redigido no encontro no Mato Grosso ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, com Raoni indo pessoalmente fazê-lo.

Outras táticas

A ideia de um encontro entre Raoni e Greta tem sido repetida por quem defende seu nome para o prêmio — e os precedentes de um Nobel da Paz duplo alimentam a ideia. Em 2014 e 2018, por exemplo, o Nobel da Paz foi dado a mais de uma pessoa.

Nesta segunda-feira (03/02), duas integrantes do Parlamento da Suécia disseram ter submetido o nome de Greta para o Nobel da Paz. No ano passado, ela também havia sido indicada.

A imagem forte de um possível encontro é a de dois ativistas juntos pela preservação do meio ambiente de gerações em pontas opostas: uma jovem europeia de 17 anos e um indígena brasileiro com cerca de 90 anos e um grande histórico de luta ecológica. Ambos também já foram hostilizados por Bolsonaro.

"A gente gostaria muito que eles pudessem dialogar, se encontrar em algum momento, mas não sabemos ainda quando será isso. Existe a possibilidade e o desejo muito grande de que eles possam trocar alguma forma de diálogo", diz Colón.

"Seria bastante simbólico que ganhasse o Nobel da Paz uma liderança da estirpe do Raoni junto com uma adolescente, europeia nórdica, e os dois defendendo a mesma causa", diz Lotar.

Segundo ele, há negociações para promover o encontro em meados do ano. "Não deu para fazer isso agora. A menina tem uma agenda carregada."

Mas Lotar diz que o encontro seria "muito mais para Raoni levar o agradecimento dos povos indígenas às falas da Greta do que propriamente uma ação de marketing para ganhar o Nobel da Paz, porque o Raoni não está em busca do Nobel da Paz".

A assessoria de imprensa de Greta confirma que ela foi procurada por representantes de Raoni. Diz, porém, que em agosto, mês em que foi convidada para ir ao Brasil encontrar Raoni, ela voltará à escola, e descarta possibilidades de encontros em outras datas.

A outra estratégia do líder indígena é, como aconteceu na entrevista, evitar falar sobre Bolsonaro.

Segundo o Instituto Raoni, a decisão é ligada a um aumento de hostilidade em relação a ele e outros indígenas depois que ele começou a responder a provocações do presidente.

Além disso, acredita-se que falas combativas em relação a Bolsonaro não "combinariam" com o prêmio, e portanto o indígena teria de reduzi-las, embora já tenha falado bastante sobre o presidente no ano passado.

Lotar diz que não é o caso. Segundo ele, Raoni simplesmente parou de criticar o presidente porque viu que é perda de tempo, e que as lutas devem ser travadas no Legislativo e no Judiciário.

A presença em outros países e a denúncia pública dos problemas na Amazônia também é vista como positiva para a candidatura ao Nobel, já que o prêmio considera os feitos recentes dos nomeados.

Depois que teve seu nome enviado ao Comitê do Nobel, Raoni foi convidado para visitar neste ano os Estados Unidos e a Suíça. Antes disso, também havia sido convidado para ir ao Japão. Ainda não há confirmação dessas viagens.

No Reino Unido, Raoni tinha na agenda um encontro com o ministro do Meio Ambiente, Zac Goldsmith. Questionado sobre o que pediria ao governo britânico, afirmou que gostaria de apoio para a preservação dos povos indígenas e da Amazônia, sem explicar de que forma, e também para ir até o Congresso brasileiro entregar o manifesto redigido no Mato Grosso.

"O coração do Brasil é a floresta. Se derrubarem toda a floresta haverá mudanças climáticas, como as fortes chuvas e inundação. Espero que as autoridades daqui e outros se juntem para combater o desmatamento, para não haver mudanças de clima", afirma. "Se não se unirem, vai aumentar a destruição da Amazônia e será ruim para todos nós."

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